A tarde estava linda. O sol derramava-se todo na baía de Guajará enquanto garças sobrevoam aquele espelho violentado de embarcações irregulares. Ao lado, as Estações das Docas, complexo de três armazéns de docas desativados e adaptados em ponto turístico. O governo da época torrou uma grana doida ali. O povo não gostou, pois se sentiam coagidos a entrarem num espaço onde uma bola de sorvete custava cerca de oito reais.
- O que dirá uma simples e inocente cerveja? – comentou Raimundo.
Até o aspecto dos freqüentadores daquele lugar era diferenciado, pessoas bem alimentadas e vestidas; pessoas altas e de gestos insolentes. Garçons que falavam várias línguas, gestos estudados, aspecto aristocráticos, servidão no mais alto nível e camisas alvas e engomadas. Eram belas camisas. Eu poderia consegui algumas camisas como aquela e todo o dinheiro do mundo e entrar e tomar umas cervejas ali, mas mesmo assim, na minha cara estaria uma placa escrita a palavra: “POBRE”.
Por isso, eu gostava mesmo era de beber no Ver-o-Peso. Lá o pessoal era outro. Putas transitando por entre os box’s onde funcionavam os bares, mendigos fedorentos, engraxates, vagabundos profissionais, vendedores de relógios e DVD’s e CD’s falsos, vendedores de queijinho no espeto a um real e a baía bem mais amistosa e cordial do que a baía da Estação das Docas, que ficava praticamente ao lado. Sim, praticamente, pois, uma praça ficava entre elas, a Praça do Pescador.
Certa vez Daniel comentou a respeito daqueles dois mundos distintos e relacionou com a realidade dual de nosso planeta e principalmente de nossa sociedade. Os pobres ou “picas finas”, como diria minha avó, de um lado e sem muita atenção; os ricos ou “picas grossas”, do outro, com privilégios e lambidas no saco direto.
Daniel pensava em pegar em armas se fosse possível e, assim como Cazuza, ele também desejava “dinamitar a burguesia”. Eu apenas queria beber e, de certa forma, desejava mesmo era que todos se fodessem ou que deixassem eu me foder sozinho.
Enquanto isso, a tarde já não era mais. E uma puta de rosto bonito, segurou-me pela cintura e esfregou-se nas minhas costas antes de sumir na direção da Castilho França.
- O que dirá uma simples e inocente cerveja? – comentou Raimundo.
Até o aspecto dos freqüentadores daquele lugar era diferenciado, pessoas bem alimentadas e vestidas; pessoas altas e de gestos insolentes. Garçons que falavam várias línguas, gestos estudados, aspecto aristocráticos, servidão no mais alto nível e camisas alvas e engomadas. Eram belas camisas. Eu poderia consegui algumas camisas como aquela e todo o dinheiro do mundo e entrar e tomar umas cervejas ali, mas mesmo assim, na minha cara estaria uma placa escrita a palavra: “POBRE”.
Por isso, eu gostava mesmo era de beber no Ver-o-Peso. Lá o pessoal era outro. Putas transitando por entre os box’s onde funcionavam os bares, mendigos fedorentos, engraxates, vagabundos profissionais, vendedores de relógios e DVD’s e CD’s falsos, vendedores de queijinho no espeto a um real e a baía bem mais amistosa e cordial do que a baía da Estação das Docas, que ficava praticamente ao lado. Sim, praticamente, pois, uma praça ficava entre elas, a Praça do Pescador.
Certa vez Daniel comentou a respeito daqueles dois mundos distintos e relacionou com a realidade dual de nosso planeta e principalmente de nossa sociedade. Os pobres ou “picas finas”, como diria minha avó, de um lado e sem muita atenção; os ricos ou “picas grossas”, do outro, com privilégios e lambidas no saco direto.
Daniel pensava em pegar em armas se fosse possível e, assim como Cazuza, ele também desejava “dinamitar a burguesia”. Eu apenas queria beber e, de certa forma, desejava mesmo era que todos se fodessem ou que deixassem eu me foder sozinho.
Enquanto isso, a tarde já não era mais. E uma puta de rosto bonito, segurou-me pela cintura e esfregou-se nas minhas costas antes de sumir na direção da Castilho França.