quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Entre goles e frases a noite se eterniza




Havia algo que eu amava desesperadamente e desproporcionadamente nesta porcaria de vida. E era ouvir belas músicas em espanhol enchendo a cara de caipirinha ou vinho barato em meu espaço, enquanto meu mais novo teclado tentava suportar a fome alucinada de letras que meus apressados dedos imprimiam. Ali eu sozinho me encontrava. Eu e eu mesmo. A Noite, parceira, cuidava de se estender o suficiente para o meu deleite. Nada me era superior a sensação de escrever e beber ouvindo músicas em espanhol. Meu espírito vibrava e minha alma dançava. Eu podia ver anjos e beber vinho com Deus contando ao Todo-Poderoso alguns casos bizarros da natureza humana. Deus ria-se muito é claro. Afinal, ele não era humano, mas havia feito o que é humano e por isso ele ria da maior merda que Ele já tinha feito em sua eternidade. Deus era um cara bacana. Éramos nós que não prestávamos. E não havia estrelas, nem lua; não havia pessoas passando pela rua e nem boêmios gatos desfilando sua leveza e beleza por sobre os telhados e muros, pois entre goles e frases a noite se eternizava...   
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