domingo, 14 de dezembro de 2008

Casa Nova

Escrever um livro não é fácil, mas prometer deixar de embocar copos é bem pior. Durante o tempo ausente, estive redigindo e revisando de forma compulsiva. Ainda houve uma mudança de setor, mudei-me para um setor barra-pesada: Cabanagem. O nome já sugere conflito, guerrilha, bala e o caralho a quatro! Daniel e minha irmã Vitória apareceram para uma visita. Eu estava bêbado e tentava escrever uma merda de poema que acabou por não sair. Vitória ficou muito irritada, pois eu havia prometido para nossa velha que nunca mais viraria um maldito copo de qualquer tipo de bebida alcoólica, eu nunca fui um bom cumpridor de promessas, e ainda por cima tenho uma memória péssima. Na verdade, eu não lembro de quase nada daquela noite; só lembro de Vitória fritando ovos e Daniel falando-me de sua antiga paixão que havia o chutado fazia cinco anos e uma oportunidade de emprego em alguma loja do Comércio. Ele também ia alto na bebida. Ouvíamos músicas espanholas. Eu adorava músicas espanholas como vocês devem saber, e Daniel havia descoberto um grupo argentino que me agradava muito as letras e o ritmo: Iguana Tango. Vitória me serviu os ovos, eu coloquei bem farinha e pimenta de cheiro. O prato devia está ótimo, embora eu não conseguisse lembrar do gosto. Vitória e Daniel se foram após eu pedi inúmeras vezes para que eles ficassem e dormissem ali comigo. Diabos! Eu estava me sentindo solitário e depressivo. Sempre acontecia isso quando eu misturava mais de um tipo de bebida.
Despenquei na cama de roupa e tudo, olhei para o teto e para as paredes brancas da nova casa alugada, estranhei o ambiente e adormeci em seguida.

***

Acordei por volta das 03h45min da madrugada com uma sede infernal. Sequei duas jarras de água, senti vontade de vomitar. Alarme falso. Ainda havia quase uma garrafa de vinho ordinária na geladeira. Destampei e tomei um gole. E aí eu vomitei em seguida, deitei-me na rede da sala enquanto ouvia alguém negociar drogas com um motoqueiro na frente de minha janela fechada. Caralho aonde eu vim me meter!, pensei cá comigo.

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