Miró |
- Álvares! Pensei que tu não viesses para o aniversário do teu tio – falou-me ela dirigindo-se até onde eu estava sentado mais meu amigo Daniel e meu tio João.
- Oi, Marilia – respondi levantando-me de minha cadeira, dando um lindo gole na minha cerveja que estava no copo e a envolvendo em um forte abraço para muito além de caloroso. – Saudades de ti, minha querida.
Na noite anterior, Marilia havia levado uma bela surra de seu marido, que era sargento da polícia quando este soube de alguns casos envolvendo sua mulher em relações sexuais com amigos de seus amigos. Isso deu a maior merda e Marilia ainda tentou se justificar, mas quanto mais ela falava mais seu marido se enfurecia e a enchia de porrada. Seus dois filhos, uma menina de oito e um menino de dez, assistiam todo o quebra-pau assustados, porém aquela rotina já lhes eram estranhamente familiar. E agora eles estavam separados. Marilia estava sofrendo, e muito revoltada ficou quando uma grande amiga sua pediu para ela ir denunciar o sargento para a justiça. Até parece que ela teria coragem de fazer uma palhaçada dessas com o pai de seus filhos “que nem estava em seu juízo perfeito”. Afirmou-me ela depois. E claro que eu concordei com ela.
- Você parece tão triste, Marilia – reparei – Por que você está tão triste?
- Me separei do Nelsão, o meu marido... – respondeu-me ela.
- Uma pena...
- Pois é... mas não quero ficar pensando nisso agora, Álvares. O que passou-passou. Por isso vim pra esse aniversário, pra esquecer aquele filho-da-puta.
E assim a noite seguiu em frente, como sempre acontece. Marilia estava bebendo demais e as cervejas logo se esgotaram. Daniel havia sido apresentado para uma amiga de Marilia e estava a ponto de se mandar com a garota quando resolvemos comprar mais uma grade de cervejas. Todos ficaram muitos felizes e bebemos e bebemos até ficarmos embriagados. Meus abraços logo viraram beijos calorosos e minhas mãos exploravam toda a extensão daquele corpo. Foi quando tio João me chamou de canto:
- Já estou querendo dormir, Álvares – falou-me ao ouvido. – Leva a Marilia para a tua casa.
- Tudo bem – eu disse.
E assim, deixamos o aniversário de tio João. Éramos um grupo de quatro.
A noite foi intensa, ainda tomamos mais algumas cervejas antes de eu levar Marilia para minha cama e Daniel levar Isadora para o surrado sofá da minha minúscula sala. Marilia sabia como tocar em um homem. E transamos durante a noite toda. Seu corpo, estava com alguns hematomas, resultados da briga com seu marido. Seus olhos negros e tão vivos estavam roxos ao redor, e seu rosto estava levemente enxado. Ela estava dramaticamente linda. E ela me olhava dentro dos olhos e acariciava-me rosto. Logo depois, o sol subiu e Marilia precisava ir embora, pois havia deixado seus dois filhos na casa de sua mãe.
- Até mais, Álvares – falou-me Marilia a se despedi a porta de casa.
- Até mais, Marilia – respondi.
- Vamos Isadora? – chamou Marilia.
- Até outro dia, Daniel – falou Isadora.
- Até outro dia, Isadora – respondeu o outro.
Ainda havia três cervejas na geladeira. Abrimos uma, enchemos os copos e bebemos.
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