sábado, 19 de fevereiro de 2011

SHOW DE SEXO AO VIVO NO VER-O-PESO



Isaías acatou muito bem a ideia de verificarmos o que rolava dentro daquele lugar que tanto excitava nossa imaginação: um puteiro bem no centro do Ver-o-Peso. Tínhamos acabado de fazer 18 anos e vivíamos pensando e falando em sexo. Dúvidas mil, certamente. Não havia punheta que desse jeito.  Eu já tinha tido minha primeira relação sexual, mas meu amigo ainda sonhava com o sabor de uma boceta.
Já havíamos caminhado quase uma quadra quando resolvemos voltar e nos informar sobre o que rolava ali dentro com o segurança.
- Mas tu falas então, Álvares – condicionou Isaías.
- Deixa comigo – respondi.
A Boate B Vermelho estava em uma de suas melhores fases naquela época.  Não havia ninguém em Belém que nunca tivesse ouvido o nome daquele lugar. Já fazia parte da cultura marginal da cidade.
- Boa noite, amigo – me aproximei do segurança que estava muito elegante naquele terno negro. – Meu parceiro e eu estamos a fim de saber como o trem anda aí dentro.
- Anda nos trilhos, rapaz – respondeu secamente. – E se por acaso ele sair dos trilhos, meus amigos e eu estamos aqui para colocá-lo nos trilhos de novo.
- Certo, meu amigo – continuei após um logo suspiro. – Mas a gente tava querendo saber o que precisamos fazer para vermos algumas garotas sem calcinhas e sutiãs. Entendes?
- Durante a semana – respondeu ele mais seco do que nunca – temos os tradicionais shows de strip-tease a cada meio hora. Os shows no chuveiro e nas gaiolas também funcionam, menos às terças-feiras…
- E o que rola na terça-feira – interrompeu Isaías.
- Calma, moleque – aborreceu-se o já aborrecido segurança. – Eu ainda não tinha terminado de falar. Amanhã acontece o show de sexo ao vivo. A dançarina faz uma apresentação de abertura e depois desce do palco e saí procurando algum macho corajoso para subir no palco junto com para se divertirem na frente de toda a boate.     
- Caralho, meu! – exclamou Isaías. – Amanhã a gente tem que vim aqui, Álvares!
- Tragam suas identidades.
- Claro, mas me diga mais uma coisa, senhor  – falou Isaías.
- O quê?
- E as meninas… elas cobram quanto?
Isaías não tinha um centavo no bolso. Eu muito menos. Mas daríamos um jeito de arrumar alguma grana para estar ali na noite seguinte.
- Depende da conversa – informou o segurança. – Elas costumam pedir 50 paus de cara. Mas aí vocês entram com o preço de vocês. Sabendo conversar legal com elas, elas deixam até por 25 e 20 reais. Os quartos são 12 reais a hora e as cervejas 3 reais. A entrada também são 3 reais.
Eu tinha certeza de uma coisa naquela conversa ali: dificilmente eu comeria alguma puta ali.

 Eu havia apenas conseguido arrumar 5 reais. Isaías arrumou 10. Não havia de onde arrancarmos mais. E assim, Isaías e eu, apareceríamos pela primeira vez em nossas vidas na famosa Boate B Vermelho com apenas 15 reais. Contudo, 6 reais ficariam na porta.
De qualquer modo, fomos revistados na entrada. O mesmo segurança da noite anterior, com o mesmo terno da noite anterior e o mesmo mal-humor da noite anterior. Aquela revista parecia um assédio sexual. O cara só nos faltou chupar o pau. Mas antes, nossas carteiras de identidades foram examinadas minuciosamente. Era que ainda exalávamos adolescência.
 Entramos, por fim. Aquele lugar parecia muito maior do que eu havia imaginado. Sensacional!  Música ambiente, televisões espalhadas pelo lugar exibiam filmes pornôs. Mais adiante um palco de certa de três palmos de altura com uma longa barra de ferro posta na vertical bem ao centro no amplo palco em madeira.  A luz vermelha derramava-se em abundância sobre o palco, sobre a despida garota que deslizava lentamente naquela barra de ferro. Eu jamais havia sentido algo semelhante em toda minha vida. Clarice Lispector me havia feito sentir algo, mas perto daquilo a minha escritora favorita era apenas uma criança tentando cobrir as vogais na classe da professora Raimundinha.  Eterna noite breve, que inseriu em minha alma a grandeza do universo.
Bebemos nossas duas cervejas, fumamos alguns cigarros, mais por curiosidade e para nos fingirmos de durões, e pedimos um refrigerante para tirar o gosto amargo da nicotina de nossas bocas. Então foi tudo o que nosso dinheiro podia suportar. Estávamos completamente falidos. 


E as meninas continuavam a dançar no palco. Coreografias vertiginosamente promíscuas a nos arrebatar para além de nossos corpos excitados. E uma das garotas sentou-se na borda do palco, completamente nua, com as pernas abertas. Ela dava leve tapinhas em sua boceta, provocando a platéia a enfiar a língua ali. Um grupo de amigos estava com sua mesa junto ao palco. E ela continuava a bater e sua boceta raspada olhando para os rapazes da mesa colada ao palco. Uma morena de estatura baixa e cabelos graciosamente encaracolados. Bem feita de corpo e com um olhar de satã. Dois olhos negros cheios de abismos, que poderiam perder para sempre qualquer infeliz amante descuidado.
Então um dos rapazes, que bebia na mesa junto ao palco, foi levantado de sua cadeira a força por dois amigos. Havia muitas garrafas vazias sobre aquelas mesas. Os rapazes já iam muito altos na bebida, certamente. A menina continuava ali os provocando. E assim, o rapaz da mesa junto ao palco se ajoelha diante daquela imagem belíssima e cai de boca. Era como se ele quisesse devorar aquela boceta. Seus amigos se aproximaram e observaram o serviço da língua veloz e feroz do rapaz, e como que para querer deixar o que já é gostoso mais saboroso ainda, os miseráveis, despejaram cerveja em cima. E o rapaz bebia desesperadamente aquela singular mistura. Olhei para Isaías e temi que meu amigo viesse morrer do coração ali mesmo.
Depois disso, nossa morena desceu do palco. Mais nua do que veio ao mundo.  Dois cadeirantes a chamaram para junto de sua mesa. A bela morena, que já tinha garimpado algum trocado na mesa anterior, deslizou levemente até a mesa dos aposentados. Sem dúvida alguma ela tinha experiência. Era muito gostoso vê-la se esfregado naqueles homens em suas cadeiras de rodas. Talvez eu não passasse de um maldito voyeur.
Seja como for, um dos cadeirantes não estava satisfeito. Então ele mandou nossa morena dos cabelos encaracolados subir em sua mesa e ficar de quatro. A mesa dos aleijados estava cerca de meio metro de distância da nossa. Tínhamos uma visão privilegiada dali. Um dos cadeirantes ao ver a dançarina com aquela bela bunda arrebitada sobre sua mesa não contou conversa e cuidou de enfiar a língua naquele belo cu abençoado por deus. Enquanto que nas televisões o pornô eterno continuava indiferente a tudo e a todos.
E o show de sexo ao vivo ainda nem tinha começado. Seria a próxima atração.
A noite agora era madrugada. O show de sexo ao vivo começava dentro de alguns minutos. No palco, as dançarinas se revezando no doce ofício de arrebatar almas, enquanto meu pau permanecia insistentemente duro. Muitos homens começavam a chegar ao ambiente para o show tão esperado. Homens de todas as idades e tipos se acomodavam por ali. Todos pareciam bastante sérios e concentrados quando a Dama da Noite subiu sobre o palco.
- E com vocês, a maravilhosa Dama da Noite! – soou a voz do DJ pela caixa amplificada.
E lá estava ela vestindo alguma espécie de casaco preto, uma boina da mesma cor e os lábios carnudos mais visíveis e suculentos com aquele batom vermelho-sangue. Seus olhos e seus cabelos eram negros e insanos; sua pele era morena e seu corpo era como de elástico. Então seu casaco fora lançado ao chão, e o que nos foi revelado fora  uma minúscula tanga preta totalmente enfiada dentro daquela bunda grande, linda e gostosa. E a Dama da Noite andou rebolando aquela maravilhosa bunda pelo palco, dançou, subiu e desceu no poste. Todos se tornaram apreensivos assim que a garota desceu do palco. Meu parceiro Isaías cuidou de se esconder no banheiro, pois sabia que a Dama da Noite passaria por entre as mesas caçando sua presa impiedosamente para devorá-la encima daquele palco diante de todas as cuecas do recinto. Eu resolvi ficar sentando no meu canto, olhando para as duas garrafas de cervejas vazias e me perguntando se por acaso a Dama da Noite resolvesse vim até onde eu estava. Mas quando meus olhos voltaram a procurar aquela singular bunda pelo salão em meio às mesas e cuecas, acabei por encontrar dois olhos negros e insanos e hipnotizantes cravados nos meus olhos castanhos. Estava perdido. Por mais que eu tentasse não conseguia tirar meus olhos do dela. Hipnotizado, deslumbrado e cativo.
- Você tem a bunda mais bonita que eu já vi na vida – disse-lhe.
- É mesmo? – respondeu ela virando-se de costas para mim e arrebitando bem seu rabo em minha direção – Tu não queres experimentar ela ali no palco?
- Eu não conseguiria fazer com toda essa gente me olhando – respondi sem certeza.
Um sorriso irônico me foi dado como resposta. Ela tinha um sorriso bonito.
Depois ela se sentou sobre meu pau endurecido. Eu olhava para sua tanga minúscula devorada gulosamente por sua bunda, olhava para suas costas e depois para sua bunda inacreditável e me perguntava se tudo aquilo não passava de uma das minhas alucinações. Seria real a melhor bunda já nascida nessa cidade estar depositada sobre meu colo? Era como se tudo ao nosso redor tivesse sido removido. Só havia a Dama da Noite e eu. E ela remexeu sua bunda sobre meu pau, jogou-se um pouco para trás encostando a parte de trás de sua cabeça em meu ombro, depois virou um pouco seu rosto e enfiou sutilmente a língua dentro do meu ouvido esquerdo. Misericórdia! Meu pau estava para explodir e já me era possível sentir todos os demônios e deuses dentro de mim querendo se unir. Eu não queria que aquilo terminasse nunca.
- Vamos subir? – falou-me ela depois se erguendo e pegando-me pela mão.
Não havia o que questionar quanto a este assunto. Eu era a presa dela. Ela sabia disso, os machos que observavam tudo sabiam disso também. Não se podia nadar contra a correnteza.
- Hoje alguém vai perder o cabaço! – dizia, eufórico, o DJ filho da puta.
E o show começou. Eu era palhaço escolhido no meio da platéia e a Dama da Noite, a ilusionista. De repente, minhas calças e cueca estavam arriadas até os pés, enquanto a Dama da Noite, de joelhos à minha frente, devorava-me a caceta rígida. Depois ela puxou não sei de onde uma camisinha, a colocou entre seus lábios e a esticou sobre meu pau. Aquele truque parecia-me completamente genial. Como ela conseguia fazer aquilo? E assim ela seguiu chupando durante algum tempo quando subitamente parou e se pôs a caminhar até o poste no meio do palco.
Então a Dama da Noite ergueu uma de suas grossas pernas e a segurou assim erguida com uma das mãos, enquanto apoiava-se na outra e segurava-se no poste com a mão vaga. E estando ela nessa posição, chamou-me para junto de si. Eu a olhava de uma certa distância, em pé, o pau erguido e a bunda a mostra aos vários espectadores. Eu só conseguia pensar com a cabeça de baixo. Eu era um animal agindo apenas instintivamente. Aproximei-me e enfiei por trás. Ela arrebitou mais a bunda e eu segui bombando enquanto todos aqueles homens observavam e se masturbavam por debaixo das mesas.
- Deita! – ordenou-me ela depois.
Deitei. Ela montou e cavalgou gostoso. As luzes multicolores socavam minha face e o DJ vez ou outra comentava algo sobre a foda. A música derramava-se por todo o ambiente sem que ninguém nela prestasse atenção. Porém, eu acabei prestando atenção na melodia melosa e na letra romântica da música, enquanto a Dama da Noite rebolava com as palmas das mãos apoiadas sobre meu peitoral.  Foi aí que eu comecei desanimar. Lembrei do sorriso do grande amor da minha vida. Pensei em Regiane… Então tudo aquilo desmoronou, perdeu o sentido e o encanto. Eu era um fodido de um romântico. Olhei para o lado e vi os cadeirantes tomando suas cervejas com os olhos fixos naquela mulher e eu. Depois olhei para o outro lado e vi Isaías em pé na porta do banheiro e muitos outros homens mais de todos os tipos e formas. Todos olhando para o meu pau e meu rabo. Regiane ficava cada vez mais forte em meu pensamento.
As luzes seguiam em suas mesclas de cores, a música tocando, o DJ comentando e os cadeirantes me olhando… A angústia e o desespero começaram a tomar espaço dentro de mim. Então meu pau desabou. E Dama da Noite tentou, chupou, bateu uma punheta, bateu com a minha caceta em sua face, lambeu, beijou… Não haveria Dama da Noite alguma que pudesse reerguê-lo ali. A platéia se inquietou como é bastante normal quando um show não está agradando ou saindo conforme o script. Então alguém gritou da platéia:
- TIRA ESSE PAU-MOLE DAÍ!
E os outros engrossaram o coro. Houve vaias. O DJ ponderava:
- Não é fácil trepar assim, pessoal! O cara pelo menos teve coragem.
A Dama da Noite começou a provocar os machos da platéia para subir no palco junto com ela e finalizar o espetáculo. E ela apontou na direção do cara que me chamou de pau-mole.
- Sobe aqui se tu és macho – dizia ela a ele. – Eu quero foder com vocês dois. Vamos lá! Tu não és macho?
E os seus companheiros o empurravam na direção do palco. Ele tentava resistir, mas acabaria cedendo à pressão. Eu apenas ajuntava as minhas roupas do chão e tentava vesti-la o mais depressa possível. Dei uma olhada no salão tentando encontrar Isaías. Ele havia se mandado. Filho da puta, pensei. O encontrei do lado de fora, esperando-me numa esquina muito próxima do mercado de ferro do Ver-o-Peso.
- Cara, tu és muito doido! – falou-me Isaías a me ver.
E caminhamos comentando o caso até nossas casas.    

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