terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A forma mais segura de se matar a sede no passado





 


A FORMA MAIS SEGURA DE
SE MATAR A SEDE NO PASSADO


(O
álcool como remédio abençoado por Zeus e por Deus)


 



Nem sempre
a ingestão de bebidas alcoólicas foi
considerada uma doença a ser extirpada do cerne da sociedade, uma
maldição degradante. Pelo contrario, o álcool era considerado remédio e,
inclusive, era prescrito em receitas médicas.   



Antes da difusão das técnicas de saneamento
básico no século 19, a ingestão de bebidas alcoólicas não era apenas uma
questão de diversão, mas de saúde. Toda água de beber corria risco de
contaminação pelos dejetos, o que tornava o consumo perigoso e nojento.
Doenças infecciosas como diarréia, cólera, peste e tuberculose,
espalhavam-se com enorme velocidade. Nesse mundo de águas contaminadas,
o álcool era uma benção. Não demorou para que o homem descobrisse o
poder anti-séptico do álcool, assim com a acidez natural do vinho e da
cerveja, matava muito dos elementos perigosos presentes na água.



JÁ NA GRÉCIA ANTIGA,
Hipócrates, pai da medicina, tratava a água como um risco e recomendava
vinho como remédio. No século 12, o governo inglês encomendou um regime
de saúde para a privilegiada Escola de Salerno, na Itália. Os estudiosos
desaconselharam o uso de água pura alegando que ela provocava
desarranjos intestinais e dificultava a digestão. Recomendaram vinho, em
especial o branco suave.



COM A APROVAÇÃO DA
MEDICINA,
a Idade Média foi provavelmente o tempo em que mais
se bebeu na história. Se beber sem motivo já é uma tentação, imagina com
receita médica. Nessa época, na Itália, o consumo anual de vinho chegava
270 litros por habitante. Para efeito de comparação, hoje o país que
mais consome vinho per capita é Luxemburgo, com 60 litros por ano.



DURANTE O SÉCULO 14,
90% das casas de Provence, no sul da França, tinham equipamentos de
fabricação de vinho. Trabalhadores agrícolas de determinadas regiões da
França recebiam 1,70 litros de vinho por dia, sem contar a zurrapa,
bebida feita com o bagaço da uva já utilizado na fabricação do vinho,
que tinha um teor alcoólico pouco menor. Como se pode vê, por muitos
séculos, o estado mental de todo o Ocidente deve ter sido o de uma leve
e constante embriaguez.   



 



(O guia do álcool – Revista Playboy,
setembro de 2004. Texto adaptado por Walter Rodrigues)





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