sábado, 14 de fevereiro de 2009

Quiçá Amor

“Chamou o garçom, pagou, rápida, a despesa, saiu pelo
lado oposto ao em que estava Dulce, na desoladora,
nervosa certeza de que ela era-lhe superior,
e que bastaria um aceno dela para que se sentisse
nos seus braços como um vício empolgante”.


(Marques Rebelo)





Daniel e Álvares estão sentados em um bar da esquina. A noite vem caindo sutil enquanto o sol deixa seus últimos raios em nuvens violáceas. As cervejas vêm e se vão numa velocidade espantosa. Se elas estavam furadas? Não, não estavam.

- Tu estás mesmo apaixonado por está tal Eliana, cara? – duvidou o fiel amigo de Álvares Rocha.
- Porra, cara – respondeu Álvares com a voz distante e melosa. – Acho que a garota me pegou de jeito... Ela me lembra muito a Samantha. A personalidade neurótica e histérica, sabe.
- Sei... Tu ainda estás amarradão na Samantha. Mas me conte como foi pra te conhecer está pequena.
- Foi mais ou menos assim…


O domingo prosseguia límpido e alegre. O sol ia alto num céu excessivamente azul de escassas nuvens. Artistas vendiam suas telas mais adiante, enquanto no calçadão da Avenida Presidente Vargas, artesanatos variados. Pais e filhos sobre as gramas a brincar de futebol, enquanto, sobre o gramado mais adiante, amigos com seus copões de cerveja e litros de vinho vagabundo. O som animado de um grupo de músicos peruanos espalhava-se pelo espaço. O verde da grama a se confundir com o verde das árvores numerosas. Tantas garotas bonitas dando sopa. Uma pena elas não serem mudas, pois do contrário seriam perfeitas. Mas como nada é perfeito, notei uma pequena estacionada ao meu lado esquerdo. Então comecei a arriar o papo. Era preciso me conter para não deixá-la perdida em meio a conversação. Ela não estava muita a fim de conversa, e logo cuidou de estreita-se ao meu corpo. Como a filha-da-puta era gostosa! Não sei como a genética trabalhava para deixar aquelas pequenas com as bundas para lá de suculentas. Seja como for, eu cuidei de trabalhar um pouco a tal bunda. Nossa! Como era durinha.

- Tá muito abusado, viu? – reclamou ela toda dengosa dando-me umas tapinhas no braço.

Isso significava que a vagabunda estava gostando da sacanagem. Ela se chamava Eliana. E estava trajando um short jeans curtíssimo com uma camiseta branca que deixava boa parte de sua barriga ao vento. Mas era uma barriguinha de responsa, que valia a pena observar, tocar e beijar. Com evitar uma ereção? Impossível.

A Praça da República, em Belém, aos domingos ficava abarrotada de gente. Nem sempre eram pessoas honestas. Minha Eliana julgava que poderia arrancar alguma coisa de mim, na certa, as garotas de hoje andam muito espertas. Comer de graça estava ficando cada dia mais difícil, será que a maldita crise global estava afetando até o setor das fodas? Talvez sim, talvez não. Em todo caso, Eliana trocava carícias e saliva comigo gratuitamente.

- Álvares – disse-me ela teatralmente constrangida ao meu toque em seu sexo quente. – Pára com isso. Tem muita gente aqui. A gente tá na praça e não num motel.
- Isso pode ser arranjado – eu disse insinuante. – Moro alguns minutos daqui. Sozinho.
- Pára, Álvares! – continuou ela com suas tapinhas irritantes. – Tu tens na cabeça uma fossa.
- E tu tens na bunda um universo de possibilidades.
- PÁRA, ÁLVARES! Tu só pensas em sexo, seu tarado.
- Não há o que mais pensar diante desse seu shortinho.
- Só do shortinho?
- Principalmente do recheio dele. Com toda sinceridade, Eliana, tu és muito gostosa. Imagino como tu deves se sair numa cama.
- PÁRA, ÁLVARES!
Aquelas tapinhas e risinhos estavam me deixando puto da vida. Mas eu esta a fim de comê-la e precisava continuar naquele joguinho.
- Vem comigo – puxei-a pelo braço.
- Mas pra onde? – reagiu ela só pra fazer charme deixando-se levar como uma ovelha ao matadouro.

Eliana e eu estávamos esvaziando uma das minhas garrafas de vinho ordinário. Ela sentou-se sobre minha velha poltrona com as pernas abertas tal como uma prostituta.

- Olha, Eliana – eu disse um tanto confuso sobre a possibilidade daquela garota ser uma profissional. – Tu não és nem uma prostituta, ou és?
Ela levantou-se de súbito da poltrona, bastante ofendida e me largou vinho na cara.
- TU PENSAS QUE SÓ PORQUE UMA MULHER – e ela gritava feito uma doida. - VESTE UM SHORTINHO COMO ESTE E DÁ CONFIANÇA PRA UM SUJEITO COM TU, ELA É PUTA?
- Eu só perguntei por pergunta – respondi limpando a minha face na camisa. – aliás, há muitas profissionais naquela área, como você deve saber. E a gente ainda se conhece tão pouca, merda.

Ela voltou a se sentar na poltrona, suspirou e pediu desculpas. Que devia ser culpa do vinho e não-sei-o-quê. De onde o Satanás enviava estás garotas? Era chapéu eu me enrabichar por uma desse tipo. Sempre neuróticas e histéricas. Samantha era um tanto assim e eu ainda gostava muito dela.

- Vamos tomar mais uma garrafa, Eliana – eu disse enchendo os nossos copos.

Ela consentiu ainda amuada. Resolvi então tomar uma atitude e a beijei com paixão. Ela correspondeu com mesma intensidade. Eu sentei-me sobre a poltrona, e ela montou sobre mim. Sua boceta quente a esfrega-se sobre meu membro duríssimo. Sua barriga suada, seus cabelos castanhos e ondulados a grudar-se em meus lábios, em meu rosto, em minha alma. E eu tirei seus generosos seios para fora e os mamei com sofreguidão, enquanto ela deslizava de cima pra baixo, de baixo pra cima, em movimentos circulares. Uma foda maravilhosa, diga-se de passagem, embora o restante da noite ela viesse a se embebedar a ponto de nem poder urinar sozinha. Era eu para levá-la ao banheiro, baixar-lhe a calcinha e segurá-la no vaso sanitário. Sim, meus sentimentos estavam seriamente comprometidos, entretanto, apenas um se destacava como o sol ao meio-dia. Eu estava apaixonado.



- E foi assim que aconteceu, Daniel – concluiu Álvares esvaziando o seu copo de cerveja e o enchendo em seguida.
- A garota parece legal, bonita e principalmente maluca – reparou Daniel pensativo. –Pensando bem, se eu estivesse no teu lugar quando ela te jogou o vinho, eu teria virado a cara dela ao contrário. Mas pelo menos ela gosta de beber e foder como uma condenada. Isso compensa.
- Isso aí é verdade – concordou Álvares.

Depois os dois seguiram para casa de Álvares. Ainda havia meia garrafa de vinho na geladeira e uma garrafinha de 600 ml de cachaça debaixo da cama. Dava para uma prosa.

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