sábado, 8 de março de 2008

Monólogo de Álvares Rocha


Sou um cara em excesso descendo pela descarga de um sanitário. Se me ofereces uma bebida qualquer eu aceito. Contanto que nela haja álcool. Não me venha com piedade, amor hipócrita, humildade de santo, bom samaritanismo que sou capaz de vomitar em sua face boazinha. Vocês sempre andam com mais demônios que a maioria. E seus demônios são os piores. Peguem suas verdades absolutas e enfiem no profundo de seus rabos santos. Talvez assim elas tenham algum crédito.
Eu não acredito na existência de Deus, embora não acredite em sua inexistência. Tenho interrogações demais e a diferencia minha para vocês e que eu não tenho medo delas.
O dia muitas vezes nos parece ruim, mas a noite sempre coloca as coisas no lugar. Eu gostaria que sempre fosse noite. Gostaria de possuir uma adega em meu porão. Eu gostaria de possuir um porão.
Enfiar uma bala na cabeça depois de se embriagar em comer algumas bucetas seria por demais idiota. O correto é deixar primeiro o pau se acabar pelo uso excessivo e beber até o estômago não suportar mais nem uma gota de álcool. O resultado seria uma morte legal, uma morte que valeu a pena ser cultiva durante tanto tempo.
Mande-me uma garrafa de cachaça se puderes, mas me deixe a sós com ela. A necessidade talvez não seja tão necessária assim e a vida é absurda demais para ser encarada sobriamente.
Enquanto anoitecer e as estrelas, sorridentes, acompanharem-me pelas ruas solitárias, estarei legal. Sinto o universo dentro de mim. E o mundo não passa de algo insignificante, inexistente. Algo a ser ignorado. Quero uma garrafa cheia. Mas não há nenhuma garrafa. Preciso ir atrás duma.

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