quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Caipirinha e cerveja

Uma reunião antes do Festival de São Sebastião - S.S. DA BOA VISTA - MARAJÓ-PA


Domingo chuvoso. Chuvas tão comuns por essa época do ano em Belém. Vontade insistente de tomar um porre. Meu pai, como de costume, aos domingos, providencia o churrasco para o almoço. Atualmente sou encarregado de fazer o fogo e assar a carne. Não que eu me regozije com isso. No entanto algumas cervejas ajudam a disfarçar minha indisposição, beirando a preguiça. Meu pai sequer mandaria uma cerveja. Meu pai não é de bebedeira. Então comprei duas. Nada pior que cutucar onça com vara curta. A porra da cerveja só me fez sentir mais a necessidade do álcool. Queria me embriagar naquele dia e faria isso com certeza.
Liguei para alguns parceiros, dois, Daniel e Isaías, precisávamos acertar quem ia ou não viajar. Havíamos combinado há dois meses atrás de irmos para a Ilha-Marajó-PA, lugar em que pai se criou.Um grande festival se realiza no pequeno e belo município de São Sebastião da Boa Vista – o Festival de São Sebastião. Atravessaríamos na próxima sexta-feira, dia 18 de janeiro, para lá. O festival haveria começado alguns dias antes, mas nos queríamos chegar mesmo era nos dois últimos de festa: dias 19 e 20. Viraríamos o cavalo do cão, beberíamos todas as cervejas e foderíamos todas as meninas.
Mas precisávamos acertar os detalhes e eu precisava voltar para casa. Me despedi de meu pai e sai para o ponto de ônibus, embora eu tenha dado uma entrada em um supermercado para comprar uma garrafa de cachaça consegui chegar quase no horário que havia marcado com os dois parceiros.
Preparei uma caipirinha, coloquei o som bem alto. Isaías que não era muito chegado em bebidas fortes se apegou na cerveja e para minha surpresa Daniel, que tardou, mas chegou, daria uma de viadinho e recusaria o drink. Mas agradeci, a caipirinha, que é minha bebida favorita, ficaria só pra mim.
E bebemos, bebemos e bebemos até que Daniel quis ir embora. Ficamos chateados com aquilo, pois também tínhamos compromissos no outro dia e nem por isso estávamos com frescuras. Daniel se foi e Isaías aproveitou para desabafar. Ele estava saturado de seu emprego numa agência de turismo. Escutei calado. O que eu queria mesmo era enche a cara naquela noite e dormir embriagado. Depois de algum tempo Isaías teve a idéia de me ensinar a dançar Melody. Hesitei, mas depois aceitei a proposta. Sabia que para foder algumas mulecas em Boa Vista, eu precisava aprender a dança aquela porra. Não que eu odiei o Melody, o Tango, a Lambada, Carimbó ou qualquer outro tipo de dança. O que eu não queria mesmo era dançar. Queria está sentado, só bebendo e pronto. Mas achei que deveria tentar. Ensaiei alguns passos e consegui pegar o ritmo. Não era tão difícil assim. Se Isaías aprendeu, eu aprenderia também.
Não sei quanto tempo se passou desde que começamos a treinar os passos da dança, mas despertamos daquele transe com minha tia chamando-me na janela. Disse-me que já era tarde e muitos bandidos estavam passando pela rua. Que era aconselhável fechar a janela. Certo. Isaías, que havia me acompanhado nos últimos copos de caipirinha, se despedi. Hora de voltar para casa. “Agora a onda vai ser lá em Boa Vista” me disse ele ao descer a escada. Entrei fechei a janela e a porta. Ainda havia cachaça para mais um copo.

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